quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lanterna Mágica










A LANTERNA MÁGICA

Há cerca de 600 anos, antes mesmo do homem sonhar com cinemas ou televisões, um cientista veneziano, à frente de seu tempo, deixou anotado em seu tratado “Liber Instrumentorum” as anotações da construção de um dispositivo que ficaria conhecido como “A Lanterna Mágica”, o mecanismo foi precursor dos projetores de diapositivos e avô dos modernos projetores de multimídia.
As imagens eram imagens pintadas sobre placas de vidro, colocadas dentro da Lanterna Mágica e ampliadas ao serem projetadas sobre uma tela. A lanterna mágica logo converteu-se em um popular instrumento de entretenimento e comunicação por antonomásia de toda uma época.
O INÍCIO DE TUDO
Aquele era um tempo de grandes descobrimentos; época em que as pessoas mais detidamente certos fenômenos e, por isso mesmo, ampliava, mais até do que agora, o horizonte de suas mentes. E este senso de descobrimento foi um dos catalisadores do sucesso da lantarna mágica. Umas das primeiras descrições sobre o aparelho, ainda que tenha sido meramente um esboço rudimentar, foi feita por Giovanni Fontana em 1420. Ainda que não explicasse em detalhes o fenômeno, foi ele quem descreveu os conceitos-base do funcionamento da lanterna.
Tempos mais tarde outros desenvolveram a idéia-base de Fontana: Giovanni Baptista della Porta (1590), Athanasius Kircher (1650), Christian Huygens (1659) e outros que desenvolveram e aprimoraram a câmera. Justo ou não, o fato é que até hoje o nome que aprece creditado à invenção é o do alemão Athanasius Kricher, um padre jesuíta e que usava a Lanterna Mágica para ilustrar histórias bíblicas. A lanterna de Athanasius era, basicamente, uma câmera escura ao contrário.
POR QUE “LANTERNA MÁGICA”?
Como na época, ainda não existiam cinemas, e por isso raros eram os que conheciam o conceito de projeção, ninguém tinha a mais remota idéia de onde vinham aquelas imagens que apareciam por cima do público em uma parede ou uma tela.
Que outra explicação poderia ter tão estranho fenômeno, salvo que fosse algo sobrenatural ou então simplesmente mágico? Daí, para a associação destes espetáculos a forças ocultas era apenas um detalhe. Possivelmente neste ponto é que tenha sido cunhado o termo “Lanterna Mágica”.


DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
Os dispositivos mais simples eram formados por uma caixa com uma lamparina de azeite, uma chaminé que expelia a fumaça e evitava que a chama se apagasse e uma lente. A fonte de luz, a princípio eram velas e lamparinas de azeite. Mas alguns “iluminados” tiveram a idéia de usar outros tipos de luz mais intensas, frutos de reações químicas como a luz hidrogenizada e luz acetilênica. Porém, foi com o advento da lâmpada elétrica que estes aparelhos tiveram seu ápice.
OS EFEITOS ESPECIAIS
A grande sensação das apresentações da Lanterna Mágica era o que hoje chamaríamos de efeitos especiais, as: “Visões Dissolventes” Por meio de um par de diapositivos, um jogo de lentes e mais alguns mecanismos, podiam ser simulados uma troca de estado, por exemplo, uma paisagem vista de dia e em seguida vista de noite; vista no inverno e no verão; um barco navegando em um mar calmo e em seguida sob uma poderosa tempestade.
Os sistemas destes dispositivos, assim como sua forma de iluminação iriam sendo modificados dando origem a novos efeitos especiais, tais como: Panoramas, Polioramas, Diafanoramas, Cosmoramas, Silforamas, etc.
O Panorama permitia observar em uma parede de formato cilíndrico uma paisagem vista em 360 graus, mostrando assim um panoramaa de toda a paisagem. O espectador permanecia de pé, ao centro do cilindro e de repente se via em meio a uma cidade ou outra locação qualquer. Variando a iluminação, as pinturas e outros detalhes técnicos, vizualizavam-se as mesmas paisagens em situações distintas, chegando a projetar ficções e visões fantásticas em uma sucessão de quadros, tais como se fora um filme moderno. Tratava-se de um poderoso ilusionismo visual, uma verdadeira mágica.
O ESPETÁCULO
A lanterna alcança seu apogeu no final do século XIX, quando estes equipamentos eram fabricados em todos os tipos e tamanhos, desde pequenas lanternas de jogos para crianças, até aquelas dedicadas às grandes apresentações nos maiores teatros da época.
A algum “showman” do final do século XVII ocorreu uma brilhante idéia: “E se, ao invés de estabelecer-se de forma permanente em alguma cidade, por que não viajar, conhecer o mundo, divertir-se e de quebra, levar a magia da lanterna aos lugares mais remotos?”
É desta maneira que os primeiros lanternistas começam a viajar continuamente apresentando seu espetáculo e, dado seu caráter itinerante, exibiam-se em hotéis, pousadas e castelos. Levavam todo o seu equipamento nas suas costas, anunciando seus espetáculos com pandeiros, órgãos ou qualquer outro instrumento, buscando chamar a atenção de seu “respeitável público”.
Quando o espetáculo da Lanterna Mágica ia para as salas de teatro, se convertia em um verdadeiro show, já que contava com um apresentador ao vivo que ia explicando as imagens e era acompanhado por alguns músicos, que faziam a trilha sonora, segundo a imagem que aparecia, levando a plateia a um verdadeiro êxtase.
Porém no final do século XIX, surge um novo invento, o Cinematógrafo, que vem a se tornar o mais ferrenho competidor da Lanterna Mágica, e que acabou arrebatando a atenção do público. O Cinema com suas imagens em movimento contínuo acabam por decretar o fim da Lanterna Mágica, que acabaria se tornando apenas mais uma peça de colecionadores.
Hoje ainda em alguns lugares da América do Norte e da Europa se realizam exibições da Lanterna Mágica, onde colecionadores e historiadores apresentam o aparelho e contam um pouco da sua história. Eles ainda usam os mesmos instrumentos e vestuário daquela época.



























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